Assédio volta a crescer no Brasil na pandemia após longa tendência de queda

MARINA DAYRELL FEBRUARY 05, 2022

O medo de denunciar aparece em uma pesquisa realizada pela consultoria Heach Recursos Humanos, com 400 pessoas. Entre os respondentes, 64% sofreram assédio no ambiente de trabalho em 2021, sendo 42% assédio moral, 20% assédio sexual e 38% ambos os tipos. No entanto, apenas 26% denunciaram. Para os 74% que não prestaram denúncias, os motivos se dividem em: crença de que a empresa não fará nada (42%), medo de perder o trabalho (31%), medo de retaliações (16%) e vergonha (7%).

A pesquisa também mostrou que a maior parte dos assédios cometidos dentro da empresa vem dos gestores (82%) e, entre aqueles cometidos no ambiente externo de trabalho, a maioria vem de clientes (74%), o que também influencia no medo de denunciar.

"Quem mais pratica assédio é o líder, o gestor. Além de ser a pessoa que teoricamente deveria passar mais confiança para o funcionário, também é a pessoa que replica a cultura na empresa. Ou seja, corremos o risco de criar uma cultura de assédio cada vez maior nas empresas", comenta Elcio Paulo Teixeira, CEO da Heach.

Para o especialista, as principais razões para o aumento do assédio moral na pandemia são:

  1. A liderança autoritária (validada por um ambiente social polarizado);
  2. O aumento da pressão no trabalho (negócios fecharam, receitas caíram e a cobrança por produtividade aumentou);
  3. A própria desregulação emocional no período (pessoas perderam parentes e amigos para a covid-19).

Teixeira chama a atenção para o fato de que, segundo a pesquisa, os grupos minorizados são particularmente afetados pelos casos de assédio. Entre os que sofreram assédio, 60% são negros, 27% são homosexuais ou bissexuais e 50% são mulheres.

"Quanto utilizamos o dado científico para medir a população, no caso da população LGBTI+ a Escala de Kinsey, a gente sabe que ela classifica esse segmento como algo entre 10% e 15% na população. Ou seja, o dado de 27% sofrendo assédio sugere que essas populações são mais vulneráveis de alguma forma. No caso das mulheres, elas são 50% das que sofrem assédio no trabalho, mas são 45,8% do mercado formal.

 

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